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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Árbitros e dirigentes cariocas são convocados pelo TJD/RJ após denuncias de possíveis manipulações de resultados e de diplomas irregulares.

Na noite da ultima quinta feira, primeiro de Setembro, a TV Record exibiu uma reportagem onde ex-árbitros denunciaram possiveis esquemas de manipulação de resultados do futebol do Rio de Janeiro. Na reportagem, os dois ex-árbitros com os rostos escondidos revelaram que teriam recebido ordens da FERJ (Federação de Futebol do Estado de Rio de Janeiro) para favorecer ou prejudicar algumas equipes de 2006 a 2010. Os clubes beneficiados seriam aqueles que teriam boas relações com a entidade e que eles só chegaram ao quadro de árbitros da CBF porque fizeram parte do esquema.

A reportagem foi o fio de cabelo que faltava para explodir de vez uma crise entre os dirigentes e os apitadores, crise que esta sendo anunciada há muito tempo com varias denuncias anônimas contra os dirigentes. A crise começou quando um grupo encabeçado por Jorge Fernando Rabello e Messias José Pereira tomaram o poder no Sindicato e na Cooperativa dos Árbitros daquele estado. No Saperj-Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Jorge Fernando Rabello é o presidente e Messias José Pereira o vice. Já na Cooperativa-Cooperativa dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio de Janeiro os cargos se invertem, Messias José Pereira é o presidente e Jorge Rabello é diretor administrativo.

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No inicio de 2011, o Blog do Marçal recebeu vários documentos do Saperj e da Coopaferj, entre eles a ata de fundação da Cooperativa (foto ao lado). Também recebemos varias denuncias, algumas delas publicamos e outras não publicamos por não termos provas o suficiente. Em uma delas (não é anônima e temos como provar a denuncia), o denunciante conta que em 2009 o SAPERJ teria sido apenado pela a Justiça do Trabalho em 15 mil reais, como não pagou a indenização conforme fora determinado, teve uma penhora de R$ 500,00 on-line direto na conta do SAPERJ no Banco Itaú. A penhora pegou o presidente Jorge Rabello de surpresa, então, ele e Messias José Pereira determinaram: Todos os recursos provindos para o SAPERJ seriam desviados para a COOPAFERJ, com a finalidade de outras penhoras serem infrutíferas. O que de fato aconteceu e a autora da ação, Sra. Carmem Lúcia, ex-funcionária do Sindicato, depois de cerca de 75 dias sem receber, não encontrou alternativas e fez um acordo pelo qual recebeu cerca de R$ 8.000,00 reais, ou seja, a metade do que fora decidido pela justiça.

Neste ano de 2011 vários fatos ocorreram após a Ferj afastar vários árbitros da sua relação, em ato sumario fazendo uso da resolução 025/11 cancelou as inscrições dos assistentes Marçal Rodrigues Mendes e Vinicius da Vitória que recorreram ao judiciário tendo os seus direitos restituidos. Outro que também obteve sucesso foi o árbitro André Luis Paes Ramos, todos eles estão trabalhando amparados por medida judicial e aguardando o desfecho do processo que aguarda decisão final.

Reunião emergencial obrigatória

Na ultima quinta feira a crise anunciada explodiu de vez, após as denuncias feitas na reportagem da TV Record, as suspeita recaíram sobre todos os dirigentes e apitadores daquele estado. A Ferj tentando reagir convocou todos os árbitros para uma reunião emergencial que aconteceu no sábado passado (03) em sua sede. Segundo informações de um arbitro que esteve presente, esta reunião teria sido uma farsa (foto ao lado).

Segundo este árbitro, eles foram convocados na 6ª feira por telefone por José Messias Pereira, com presença obrigatória. Ao chegarem no local da reunião, todos tiveram que assinar uma lista de presença. No inicio da reunião, Rubens Lopes, presidente da Ferj, fez uso da palavra para apoiar a arbitragem e repudiar as acusações da TV Record. Em seguida, Jorge Fernando Rabello, presidente da Comissão de Árbitros da Ferj se pronunciou vangloriando seus feitos e elogiando o seu trabalho em prol da arbitragem Carioca.

Após os discursos, Rubens Lopes leu um manifesto que segundo as informações recebidas, possivelmente teria sido redigido pelo Dr. Cláudio de Albuquerque Mansur, diretor jurídico da Ferj, como se este fosse um documento feito pelos árbitros contra a TV Record. Rubens Lopes falou que anexaria a lista de presença como sinal de adesão ao manifesto pelos árbitros e que se alguém não concordasse, poderia retirar a assinatura que não haveria represálias! Afirmação que alguns dos árbitros presente tiveram vontade de retirar a assinatura, mas nenhum teve coragem suficiente para ver se realmente não teriam represálias.

Segundo relato do próprio árbitro, neste momento, Marcelo de Lima Henrique e Marcelo Venito teriam dado declarações de apoio a Comissão, inibindo qualquer possibilidade dos demais árbitros se manifestarem de forma contrária, o que já seria muito pouco provável.

Logo depois a Ferj publicou no seu site, matéria como se os árbitros tivessem se reunidos por vontade própria e com unanimidade procurado a Ferj para demonstrar apoio. Bem ao contrario do ocorrido sendo que na sexta feira, um dia antes da reunião, recebi varias mensagens de árbitros dizendo que estavam sendo convocados e que seria obrigatória a participação deles nesta reunião.

Fato idêntico ocorrido em São Paulo

Essa reunião obrigatória me fez recordar um fato idêntico ocorrido na segunda metade dos anos noventa na arbitragem paulista. Nessa época, Sérgio Corrêa era um jovem árbitro e membro do Safesp-Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo, já trabalhando em prol da classe. Defendendo os árbitros, ele deu uma declaração na imprensa onde criticava a Federação e seu presidente Eduardo José Farah. A Federação reagiu de imediato, todos os árbitros do quadro foram convocados e obrigatoriamente tiveram que ir pessoalmente no quinto andar da sede da Federação que ficava na Avenida Brigadeiro Luis Antonio para assinar uma lista repudiando as declarações do jovem árbitro-dirigente sindical.

Este episódio e outros que se sucederam depois contribuíram decisivamente para brecar a carreira de Sérgio Corrêa como apitador, ele se tornou um brilhante dirigente sendo hoje a maior autoridade da arbitragem no Brasil.

Este que voz escreve também assinou esta lista assim como os demais que faziam parte do quadro naquela época. Por experiência própria, posso dizer que compreendo como se sentem aqueles que foram forçados a assinarem este manifesto que supostamente teria sido preparado pela Ferj.


Esclarecimento de Marcelo de Lima Henrique

Como sempre faço em situações como esta, procurei de imediato o árbitro Fifa Marcelo de Lima Henrique expondo a ele as reclamações e as criticas vindas de boa parte dos árbitros que estiveram presente na reunião reclamando contra a sua intervenção que fora  interpretada por alguns como sendo de um aliado dos dirigentes e sendo contra os árbitros que não podem se pronunciar sob pena de serem perseguidos.

Sargento de Lima, como carinhosamente é chamado, em uma atitude honrada e como sempre faz quando é procurado, não se furtou a prestar os esclarecimentos a este Blog ao qual agradeço e repasso aos meus leitores.

Segundo nos relatou Marcelo Henrique, ele nunca foi aliado de nenhum dirigente da arbitragem, que os respeita pela hierarquia, que é aliado dos árbitros e das pessoas de bem e segundo ele os árbitros que estão nessa questão litigiosa com a FERJ sabem disso. Mas segundo De Lima, ele não poderia se omitir depois das denúncias de possíveis manipulações de resultados veiculados pela TV por duas pessoas não identificadas, que dói nele como em todos os árbitros ter sua honra e conduta colocada em xeque.

De Lima disse que se manifestou sim, mas em favor de que seja apurada a fundo todas as denúncias pelo Ministério Publico e pelos Tribunais de Justiça, salientando que ninguém pode tirar o direito do árbitro de errar. Segundo ele, nos seus 17 anos de apito, suou muito, deu um duro danado para conseguir arbitrar e que a omissão nunca fez parte da sua vida, que se existem denúncias com provas sobre essas condutas podres que se coloquem às claras para que possa ser extirpado todos os malfeitores do meio da arbitragem.

Para De Lima, os árbitros sofrem com balelas e maledicências pronunciadas por jogadores, dirigentes e imprensa sobre suas condutas e agora tem que engolir também falácias de árbitros escondidos na sombra. A sua indignação é grande, pois esta respondendo ha uma semana sobre essas acusações. Segundo ele, poderia se omitir e apenas ir à reunião, mas como árbitro FIFA e um dos mais antigos do quadro, tinha que se manifestar em favor de todos os árbitros e finalizou reiterando que não tem nada contra seus colegas Vinícius da Vitória, Marçal Rodrigues Mendes e André Pães Ramos, respeitando suas decisões e opiniões.

TJD/RJ convoca árbitros e dirigentes para esclarecimentos sobre denuncias e diplomas irregulares

O Tribunal de Justiça Desportiva do Estado Rio de Janeiro através do auditor Marcos Kac, convocou os dirigentes Jorge Fernando Rabello e José Messias Pereira e o jornalista Carlos Nascimento para comparecerem na sede do Tribunal no próximo dia 12 de setembro as 14:hs para serem ouvidos no processo 1107/2011sobre as denuncias da TV Record.

O mesmo procurador convocou para o mesmo dia às 15:00hs para prestarem depoimentos no processo 1036/2011 sobre diplomas irregulares os seguintes dirigentes e árbitros

1. Carlos Elias Pimentel – Diretor da Escola de Arbitragem;

2. André Luis Silva – Diretor Técnico da Liga Niteroiense de Desportos;

3. Edílson Soares da Silva- Instrutor de Arbitragem da COAF/RJ

4. Rafael Martins de Sá – árbitro da FFERJ;

5. Lílian da Silva Fernandes Bruno – arbitra aspirante da FIFA e FFERJ;

6. Wandemberg Araújo Alves – Arbitro da FFERJ;

7. Carlos Leandro da Silva Branco – Arbitro da FFERJ;

8. Ednei da Silva Floqut Miranda – Arbitro da FFERJ;

9. Gildo Miguel da Silva – Arbitro da FFERJ;

10. Lenilton Rodrigues Gomes Junior – árbitro da FFERJ

Frase: “Não haverá justiça enquanto o homem empunhar uma faca ou uma arma e destruir aqueles que são mais fracos que ele”. (Isaac Bashevis Singer)

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